Lembro-me
do Verão Quente de 75, que começou a 11 de Março e terminou com o 25 de
Novembro. Foi o período mais rico da nossa história para quem era jovem e tinha
sede de aprender. Todas a ideias, todos os projetos de sociedade estavam sobre a
mesa, tudo era possível de ser feito e discutido. O 11 de Março, dizem que foi
ganho pelos comunistas e perdido pela ideologia de continuidade de Spínola e
pela extrema-esquerda, estranhas alianças se faziam nesses tempos. No 25 de
Novembro, perderam os comunistas e novamente a extrema-esquerda, (perderam
sempre, por isso mesmo alguns aprenderam a virar a casaca, quando perceberam
que nunca se sentariam à mesa) e segundo me parece, ganhámos “nós”, sim esta
sociedade que somos.
Vi
as coisas mais inusitadas nesse Verão Quente, mas foi ele o caldeirão onde se
cozinhou o Portugal moderno. Foi nesses meses que os partidos políticos se estruturaram,
que cada um fez todas as loucuras, para no fim se arrumarem na sua família
política, ou no partido que mais hipótese tinha de lhe dar um “tacho”. Quem
diria a Mao Tse Tung, que o seu mais bem-sucedido admirador, nasceu em Portugal
e chegou a presidente da Comissão Europeia.
Houve
coisas realmente surreais, durante o período em que todas as liberdades andavam
à solta, vi portugueses que sempre viveram bem em ditadura, fugir para Espanha
em busca de liberdade. Espanha sob a ditadura feroz de Franco.
Somos
um país de gente com manias muito incompreensíveis.
Sem comentários:
Enviar um comentário