“Compreendo-te. Ser-te-á muito difícil agradeceres a vida que tens! Te
humilha para ficares mais nobre”
Começo pelo princípio, não entendo o prazer que as
pessoas sentem, ao trazer para a esfera pública, a vida privada de cada um.
Seja a vida “que se dá como ser miserável” dos outros, seja a sua, recheada de
pertences. Os nossos íntimos conhecimentos sobre os outros, pertencem à esfera
privada e aí devem ficar.
Este “compreendo-te”, não passa de uma falácia,
ninguém compreende ninguém, a não ser que vista a sua pele. Ninguém compreende
o outro, principalmente quando, quase certamente se não entende a si mesmo.
A segunda frase, “ser-te-á difícil agradecer a vida
que tens!”, é típica de alguém profundamente racista e com um pensamento
ultrapassado, produto do Estado Novo bafiento.
Não me atribuam desgostos que não tenho, nem processos
de intenção, nunca arderei na fogueira, pelo pecado da inveja. Ninguém é o que
é por raiva ou ressentimento, é-se por opção racional, o contrário é menoridade
intelectual e prefiro não qualificar quem assim julga os outros.
Eu nasci e fui batizado, como qualquer outro católico,
e foi isso que fui até me interrogar. Não percebia porque as pessoas que se humilhavam
no altar, perante o seu Senhor, eram arrogantes para com os fracos, aqueles a
quem “é muito difícil agradecer a vida que têm”, ao ponto de se considerarem os
únicos donos da verdade.
Eu não me contentei com a “verdade revelada”, como um
pobre creu, fui em busca de uma verdade entendida. Li os livros das três
grandes religiões monoteístas e por mais que me tivesse esforçado, não consegui
encontrar um Deus em nenhuma delas. Encontrei entidades despóticas, cruéis e
vingativas, como na raça humana.
Na história, sempre que se fala de religião, vem um
rol de guerras, perseguições, genocídios e horrores.
É verdade que nunca frequentei um seminário, essas
imensas fábricas de humildes donos da verdade inexplicável e de tarados que
vamos conhecendo aos poucos, nunca me fizeram lavagem ao cérebro, felizmente.
Mas duvido muito, que se tivesse acontecido essa
desgraça comigo, me tivesse contentado em ser humilde como os bois. Mesmo que
não obtenha respostas, eu nunca deixarei de fazer perguntas.
Sem comentários:
Enviar um comentário