Um
texto de 2011.
Soltar palavras
Nunca
fui dono de um grande alfobre de palavras.
Uso
as que encontro por aí perdidas no vento.
Estico
os braços, agarro umas quantas que passam perto,
Analiso-as
e semeio-as como minhas na folha branca.
Com
respeito e parcimónia, sirvo-me delas e deixo-as ir,
Para
o coração de um próximo sedento de se exprimir.
Mas
ainda trago no peito algumas palavras cativas!
Já
há muito que deviam ter sido soltas, é verdade,
Devia-as
a mim, mas sobretudo a ti, que partiste.
Esta
minha inibição de me contar, só agora vai passando.
Só
passados tantos anos consigo falar de perdas,
Da
solidão de quem fica, sem ter respostas.
Das
tantas perguntas que não fiz, das coisas que não disse
E
da impossibilidade de voltar atrás e refazer tudo.
- j a godinho -
Sem comentários:
Enviar um comentário