Texto escrito em Novembro de 2011.
Tempo de ruturas
Da janela do meu quarto, olho para dentro de mim e
vejo uma árvore.
Não será de grande porte e frondosa como outras que
enxergo ao longe na floresta. É uma outra, mais débil, que brotou em solo
madrasto, onde tenta a duras penas fincar raízes.
Não é fácil a uma árvore, porque todas em princípio
são iguais, (só em princípio), ter pouco chão para crescer e tentar roubar um
pouco de sol.
A minha tem tentado, pelo menos viver por imitação,
como se fora como as outras.
Em tempos idos, deu de crescer desmesuradamente um
ramo á pequena árvore, ao ponto de em vez de se sentir parte dela, passar a
julgá-la sua.
Era uma postura engraçada, até começar a pecar pelo
exagero.
Há meses o ramo adoeceu.
Mandavam todas as regras do bom senso, que fosse
podado, abrindo espaço para que outro crescesse no seu lugar.
- Mas não, nada de ruturas, - pensei eu -. É melhor
esperar que a doença passe, reabilitar o ramo.
Não passou, agravou muito os sintomas, ao ponto de
estar a fazer muito mal a toda a árvore, que sou eu.
O que não houve coragem para fazer na hora, tem que
ser feito agora, protelar não resolve nada, só traz mágoas.
Esperemos que outro ramo cresça no lugar, ou que os
demais preencham a falta.
-
j a godinho -
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