Sentados à lareira
em bancos de pau feitos, meros troncos que se juntavam e serviam.
Era uma roda de
bancos à volta daquela lareira que, já pouco existe, a não ser o local. Agora, remodelado
por uma linha qualquer ergonómica e estética para ser uma cozinha. Antes,
grande, ampla e viva. Agora, clara, pequena e morta.
Jaz sem vida aquela
cozinha, onde se ouviam histórias da vida, do cultivo da monda, das colheitas e
do tempo que, sempre ou nunca ajudava, ou, se ia ter uma boa colheita por o
tempo ter sido bom.
Tempos idos e bem
garridos foram os que o calor de agora o frio daqueles tempos apagou!
Dos risos soltos
nada sobrou, até o eco, o vento levou para terras distantes e, desabitadas,
onde o povo gemeu e chorou, por não ter condição, por ser um ser farto da
solidão. E, por ambição, partiu, em direcção, não de si, mas da ilusão de uma
vida digna, de labuta honrada que deixa a pele estragada, os ossos feitos em
nada e, o coração despedaçado.
Dessa lareira, nem a
pedra sobrou! Foi dada para abate triunfal de uma sociedade restaurada por
homens sem coração porque, a ambição chama mais alto que qualquer clamor
apaixonado, clarinete desenfreado e, sem horas para nada. Eram tempos que o tempo
dependia do tempo que se tinha e havia.
Sobrou a saudade do
nada que antes se tinha e, se tem medo de aceitar... O amor pela lareira que
reunia a família inteira.
Matilde Rosa
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