Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar…
Alberto Caeiro
(A pedido e dedicado à Zé, a mulher mais intensa e harmoniosa que eu conheço)
obrigado, primo meu :,)
ResponderEliminarÈ muito bom, alguém olhar sempre as coisas, como se as visse pela primeira vez.
ResponderEliminarE para as pessoas também. Por muitos anos que passem gosto de olhar para "as minhas pessoas" como se as conhecesse naquele dia. Geralmente com o tempo as virtudes tendem a ficar camufladas e tornar-se banais. Gostamos das pessoas mas perdemos o fascínio. E é tão bom estar fascinada : ) É só parar um pouco e olhar..
ResponderEliminarBem mas isso é outra história.
Seja como for lembrei-me agora que a primeira vez que ouvi Caeiro foi a minha irmã que me leu, quando ainda éramos miúdas. A noite ela lia em voz alta e eu adormecia mesmo não percebendo nada do que ela estava a dizer. Mas adorava a voz, a dicção dela. Adormecia em paz, nos meus lençois de menina, sem medo do mundo lá fora. Só nós as duas e os meus sonhos com casas brancas, fontes de água pura, e uma horta cheia de girassois.
É por tudo isto que eu digo:
ResponderEliminar- Tu és das pessoas mais bonitas que eu conheço.
Se não amasse já, estava em risco, eheheh
Que bom, saborear esta troca de saberes e sentires!
ResponderEliminarQue bom conhecer, pessoas, cultas e sensíveis.
Que bom poder aprender algo, quando se passa por aqui e ficar com vontade de logo voltar.
Gosto, mas gosto mesmo.
Beijinho para os dois primos.
Maria
Vá lá Maria
ResponderEliminarTanta modéstia, fica-te mal.
Tu escreves muito bem e sabes do que falas.
Meu amigo, não é modéstia, sei do que falo, por isso mesmo, sei distinguir, o trigo do joio.
ResponderEliminarHumildade, não fica mal e modéstia a mais é presunção!
Eu sou presunçosa... e sei do que falo, digo-o com a tal humildade que a ninguém fica mal.
Quanto ao escrever... alguém me disse (e eu gostei, fiquei vaidosa)que eu "escrevia com o coração".
È com o coração que escrevo e é com o coração que falo!
E com todas as consequências, sem modéstia alguma, tenho muita Vaidade em assim ser!
Um grande beijinho para ambos.
Maria