Na Primavera, ouvindo os passarinhos
Pousados nesta árvore tão bela…
Deitada nesta terra húmida como janela
Vejo as nuvens dançando á espreita dos ninhos.
Não é uma árvore imaginada, existe
Aos olhos de um e verdadeira
E aos olhos de outro, que resiste
Mas, solene, se na presta madeira.
As folhas, alternadas nas nervuras
Caem, balançam, como gangorras
Servindo de sonhos e ternuras,
Por instantes, antes que dela, corras.
Entra-se na toca que lhe abrigas,
Fundo se vai, bem na rasante
Ora acalenta toques doces, ora brigas
Nos traumas e melindres , firme ou hesitante.
O calor dela infunde, dá coragem
De entregar-se á imaginação,
Sente-se o frescor da aragem,
Envolvendo a pele ávida de emoção.
Deitada, folhas, pássaros rodopiando
No frenesi dos sons distantes,
As mãos sôfregas, cores pintando
Como fogo fátuo dos amantes.
(Cloé Madruga)
"Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira."
ResponderEliminarChe Guevara