Não
me agrada muito este “nós”, eu com o tempo estou cada vez mais individualista,
só me apetece falar do “eu”, nem o “nós” majestático me seduz.
Porque
mudei eu, perguntam-me. Talvez para ficar mais igual ao que sou, relativizar o
amadurecimento interior, com a idade física.
Conheço
pessoas que não sabem fazer esse trajeto, homens que se tornam garotos velhos e
ridículos, ou mulheres que escondem as rugas deliciosas sob camadas absurdas de
betume cosmético. São pessoas que envelheceram sem perceberem.
Eu
mudei muito. O engraçado é que dou por mim muitas vezes a pensar que poucas
pessoas perceberam isso. Os que me conheceram antes, continuam a ver-me da
mesma maneira, provavelmente nunca vão descobrir o “eu” de hoje. As pessoas
catalogam muito facilmente os outros, depois esquecem, estão demasiado ocupadas
com próprio umbigo, para se aperceberem do que se passa á volta. É verdade que
eu também estou pouco interessado em chamar-lhes a atenção, seja por vaidade,
birra, ou falta de interesse, mesmo. A verdade é que pouco me dizem as gentes
pouco atentas aos outros. São poucas as amizades anteriores que transportei
para o hoje.
Para
os que só conheceram o eu atual, por vezes falo do passado, para que me
consigam entender hoje, desculpar as minhas manias e os meus medos.
Eu
mudei, sim mudei de uma maneira muito singular. Não o fiz espaçado no tempo,
como uma evolução normal. Eu estagnei, passei com que um período de hibernação,
um tempo de marasmo onde não me aconteceu nada. Passei anos no escuro da minha
toca interior e saiu o outro. Durante tempos não me apercebi de ter mudado, de
ver as coisas por outro angulo. Mas um dia, não sei precisar quando, eu era
outro e comecei a entender o mundo.
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j a godinho -
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