segunda-feira, dezembro 23
domingo, dezembro 22
MENSAGEM DE NATAL
Há dias,
fizeram-me uma proposta a que eu julguei não ser capaz de corresponder,
escrever uma Mensagem de Natal. Mas, como não fui nunca de desistir sem tentar,
aqui fica.
Natal é …
Natal
é luz, calor, decoração. Numa tentativa de escapar ao cinzentismo da época,
terão nascido as hoje imprescindíveis luzes e decorações dos aglomerados
populacionais e o tronco, que todas as casas queimam na lareira, uma maneira de
fugir aos rigores do Inverno. Mas luz, a verdadeiramente importante, é a que se
pode beber nos olhos de uma criança ao abrir o tão ansiado presente, ou o
avivar do olhar dum idoso na paz de toda a família reunida à volta da mesa.
Natal
é gastronomia, que para nós antigamente sempre de míngua à mesa, era a época de
comer bem, com alguns dos exageros que a vida não permitia noutros tempos. As heroicas
mulheres alentejanas, com os nossos produtos, sempre fizeram maravilhas.
Produtos tão pobres, como o nosso trigo feito farinha, os ovos, o mel, o grão,
a batata, o mogango e o nosso azeite único, tornam-se dignos de tanta riqueza,
que adquiriram a honra de subir à mesa do pobre.
Natal
é, acima de tudo a festa dos afetos, do aconchego, de estar presente. Quem dera
que esta sala fosse tão grande, para que num mundo perfeito, como se quer nesta
quadra tão especial, nela tivessem lugar à mesa todos os que estando ausentes,
são presença viva nos vossos corações, tão precisados de atenção e carinho, que
na correria diária é humanamente impossível proporcionar-vos, apesar do estoico
esforço e boa vontade.
Natal
é música, (cantes de Natal sempre belos), fé, (para os crentes), e
solidariedade para os homens de boa vontade. É porta aberta para quem queira
entrar e pão e vinho sobre a mesa, como diz a canção, dividir o pouco por
muitos, traz a gratidão de quem recebe e uma imensa felicidade a quem partilha,
porque só o dar e o dar-se é melhor que receber.
Natal
é simplicidade, gestos puros, olhar o outro de braços e coração abertos, como
se o próximo fosse aquilo que é, nosso irmão. Mas, o ideal seria conseguir
superar a época e fazer o Natal transpor o final do ano e prolongar-se, fazendo
de todos os dias a festa dos afetos. Se Natal é quando um homem quiser, quem o
impede de o querer todos os dias? Um querer de coração, pode fazer a
Multiplicação do Amor.
Natal
é, para os que aqui vivemos como uma família, mesmo ansiando mais saúde, termos
que aceitar viver com a que temos, viver um dia de cada vez, e cada Natal como
cada dia. E amanhã, no próximo Dia de Natal, estarmos todos por cá.
Natal
é hoje, para quem continua esta aventura de viver.
domingo, dezembro 8
CRÓNICA DE UM QUALQUER DOMINGO
Deitado
e imóvel, nesta gélida madrugada de Dezembro, fecho os olhos e procuro-me. Quem
me olhe, jurará que estou dormindo, mas nunca estive tão desperto, tão
completamente consciente de mim. Perscruto todos os meus recantos, com todos os
sentidos alerta, olho-me no espelho interior e busco o que fui, o que sou e a
projeção de um futuro, que ainda me amedronta.
Não
sei de onde sou, muito menos para onde vou, só sei, pelo meu saber pressentido,
que não sou daqui, este não é o meu lugar, mas algures longe, em busca de
viver.
Não
me vou entregar à cómoda realidade de sobreviver. De preferência, morrerei a
procurar-me, sem a mínima certeza de me encontrar fora de mim, como o logro no
âmago do meu interior.
Não
sei se alguém entenderá estas palavras, hoje resolvi não escrever para o vulgo,
para a imensa mole de nados mortos que me rodeiam e que nada me dizem, nem
nunca saberão de mim, coisa nenhuma. Esta sociedade está cheia de gente de
estar, os nados mortos, que nunca chegarão a ser, nem a entender-se. Porque a
gente só nasce, quando sente a dor do parto, só nesse momento, se deixa a
condição de estar, para ser. E muito poucos que conheço o conseguiram.
Lembro-me
da sensação de ter nascido, da dor que senti naquela tarde que recordo, sem
lograr situar no tempo. Recordo ter tido a consciência do nado morto que tinha
deixado de ser naquele instante, para me tornar o homem nascido, que hoje se
escreve, para os poucos que me entendem.
Nesse
momento, venci o medo da morte.
Nesse
momento, percebi que só se deve temer o que não se não estende.
Nesse
momento, iniciei a longa caminhada para controlar os medos, que está ainda só
no começo.
Nesse
momento iniciei a minha viagem consciente, que sei exatamente quando vai
terminar, no instante da minha morte.
sábado, dezembro 7
ESTOU DE VOLTA
Bom
Dia
Porque
hoje é sábado, volto com um desabafo indizível.
Cavaco
Silva, (cuspo), vai representar Portugal nos funerais de Mandela.
Depois
de ter votado contra, aquando Primeiro-Ministro, uma Moção das Nações, que
pedia a libertação do preso político Nelson Mandela, o Presidente mostra ser
uma personagem sem hora nem vergonha.
Cada
vez sinto mais asco, por haver portugueses como este, que nojo.
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