Anonimammente sentada, pensava de
cabeleira na mão, como faço para largar a mão deste cabelão?
Era difícil resistir à tentação de
não ter a mão no pêlo da cabeça, era uma batalha desesperante, não sentir o
tufo onduladamente, sedoso, cheiroso, a escorregar-me entre os dedos, a
esticá-lo e, a vê-lo, encaracolar-se sozinho, uma mania que o raio deste cabelo
tinha.
Era difícil e, ainda é! Uma
guerra, sempre aberta entre a minha mão e o meu cabelão... Sem solução! Viverei
eternamente anonimamente desesperada, se...
Cabeludinha
Feliz de mim que sou carca, as
preocupaçõe capilares não me assistem. Poupo em champô, água e pente, além de
um simples piolho se tornar na minha cabeça um sem abrigo.
Não gasto tempo frente ao espelho,
nunca faço a pergunta:
-Espelho meu, há algum mocetão na
União Europeia e arredores mais bonito do que eu?
E deixo de ouvir a resposta mais
óbia,
-Não sejas parvo! Seu convencido
do caraças, vai-te catar.
Obviamente que o, vai-te capatar,
por parte do espelho mal educado de pai e mãe, não passa de uma figura de
estilo, nada há a catar na minha venerável cabeça. É verdade que tenho caspa,
reconheço. E não nego alguns episódicos focos de seborreia no tempo mais úmido,
mas gado, não! Algum piolho que se aventura na minha árida meloa, é oriundo dos
Países Baixos e rápidamente pará lá volta se entretanto não apanhar uma
insolação que lhe provoque um traumatismo ucraniano e o faça perder a
tramontana.
Carecão
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